O prefeito Álvaro
Dias recebeu, nesta quarta-feira (21), no Palácio Felipe Camarão,
representantes da sociedade civil organizada do Estado, preocupados com a
demora na liberação da licença ambiental para a obra de aterro hidráulico
(engorda) na praia de Ponta Negra. O processo vem desde 2015 e o avanço do mar
ameaça diretamente o Morro do Careca, principal cartão postal da capital
potiguar, além de prejudicar a economia da cidade, alicerçada principalmente no
Turismo.
“Entendemos que as
entidades comprometidas com a coletividade e o bem comum, reunidas hoje, estão mais uma vez juntas, agora para defender uma
obra fundamental para a cidade. Estamos vendo a erosão rápida do Morro do
Careca e isso já poderia estar sendo evitado com a engorda da praia. Além
disso, não dispomos de grandes indústrias em Natal, onde milhares de famílias e
negócios sobrevivem do Turismo”, conclamou Álvaro Dias.
O prefeito
criticou a demora na concessão das licenças e a burocratização desnecessária
ocasionada pelo envio do processo ao órgão federal (Ibama). “Em todos os locais
onde a engorda foi feita, como Balneário Camboriú, Fortaleza, Rio de Janeiro e
Maceió, o órgão do próprio Estado foi o responsável por licenciar. Aqui, não
sei por qual motivo, o Idema achou de ouvir o Ibama, atrasando ainda mais o
processo”, explicou o prefeito.
O aterro
hidráulico já possui todos os estudos realizados (EIA-RIMA) e todos os
documentos foram encaminhados para o Idema desde setembro do ano passado,
segundo o secretário municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, Thiago Mesquita.
“Além do atraso no
termo de referência, entregamos todo o EIA-RIMA em setembro do ano passado e já
estávamos encaminhando, antes, capítulo por capítulo para agilizar o processo.
Pela resolução do Conama, o prazo para a resposta seria de 60 dias, mas até
agora a única notificação que temos é justamente sobre a consulta feita pelo
Idema ao Ibama sobre a sua própria competência para licenciar. Ora, o próprio
Ibama respondeu que o Idema deveria continuar o licenciamento" disse,
lembrando que os processos de licenciamento de extração de petróleo off-shore
(no mar) quem licencia é o Idema.
Thiago Mesquita
disse que considera o aterro hidráulico uma obra de “resiliência urbana”. Ele
disse que, se a cidade não enfrentar o problema, tudo no local pode colapsar. O
secretário citou um estudo realizado pela UFRN - Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, publicado internacionalmente, que aponta um avanço anual do
mar, em Ponta Negra, que varia entre 8 a 10 metros/ano. De acordo com o
secretário de Meio-Ambiente, o processo de erosão do Morro do Careca pode ser
revertido com a engorda da praia, uma vez que o processo de deposição de areia,
responsável pela formação dunar, vai superar o de retirada com a ação do vento,
recompondo a paisagem e evitando a transformação da duna em uma falésia. “Esse
processo que está acontecendo no Morro do Careca é um crime contra a nossa
cidade, contra a nossa economia, contra Ponta Negra”, definiu Álvaro Dias.
Apoio
A reunião contou
com a presença maciça dos representantes da sociedade civil organizada do
Estado. Os presentes apoiaram a iniciativa da Prefeitura de Natal de se
empenhar pela obra do aterro hidráulico. O presidente da Associação Brasileira
da Indústria de Hotéis no Estado (ABIH/RN), Abdon Gosson, revelou que existem
mais de 10 hotéis sendo vendidos na área e que não surgem novos investimentos
no local há 15 anos. “Ponta Negra está sendo degradada ao longo dos tempos. É
um desrespeito aos cidadãos e aos turistas”, desabafou.
Segundo o diretor
da Fecomércio, Jaime Mariz, a entidade estará sempre ao lado da Prefeitura na
defesa do crescimento da cidade. “A Fecomércio faz questão de prestar apoio e
de participar ativamente dessa luta. Não podemos perder nosso maior cartão
postal”, garantiu.
O diretor da
FIERN, Helder de Almeida Dantas explicou que, apesar de representar outra
indústria, que ele classificou como a da “chaminé”, a entidade está ao lado da
indústria do Turismo. “Não temos como não apoiar. O Rio Grande do Norte e
principalmente Natal tem sua economia voltada para essa importante área”,
disse.
Estiveram presentes no encontro representantes da ABIH, AEBA, FIERN, Natal Convention & Visitors Bureau, Fecomércio, ACRN, ABRASEL, Facern e APEC/PN.
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